SOBRE O PERDÃO

É inegável que estamos vivendo um verdadeiro caos moral. Encontramos por ai facilmente manifestações que incitam a intolerância, o castigo, a punição, o desamor,a segregação e por fim , a dominação.

Já paramos para pensar que a origem de grande parte deste caos todo, está no conceito que nos foi ensinado sobre perdão ou perdoar? Como assim? Irei explicar melhor.

Cresci entendendo que perdão era a remissão de pena, de ofensa, de dívida e que eu somente poderia ser absolvida do pecado de errar, se o outro me concedesse o perdão. Ou seja eu só ficaria livre daquela culpa se o outro quisesse. Uma situação constrangedora, um tanto quanto angustiante.

Aos 23 anos ( hoje com 36 anos) conheci a Ciência Logosófica que me apresentou inúmeros conceitos, entre eles o conceito de perdão. E aí algo grandioso se abriu para mim. Primeiro porque entendi que o erro era meu e que o verdadeiro perdão deveria ser eu com eu mesma. Segundo porque ninguém deveria me perdoar se não eu, através da minha consciência e de minhas novas condutas que iriam por si só provar o quão  tinha aprendido com a experiência difícil. E terceiro porque à ninguém esta vedada a oportunidade de corrigir seu erro. Sempre haverá tempo para isso.

" Não obstante, as leis supremas são justas e magnânimas, e ao mesmo tempo estritas. Concedem ao homem o tempo necessário para reparar suas faltas, primeiro mediante o reconhecimento delas, e depois mediante o esforço tenaz para emendá-los por inteiro. Realizado isto, o perdão surge da própria consciência individual, ao ficar reparada a falta ou o erro. Se tais fatos tivessem atingido seus semelhantes, mesmo assim essa conduta o reabilitaria." Do Livro Diálogos, 145 " Título: O perdão como princípio moral e seu exercício inteligente e construtivo"

Como podemos ver, somos nós as responsáveis pelos atos cometidos, pelas nossas escolhas, decisões e ações. Herdamos tudo isso. Da mesma forma que herdamos as atitudes e pensamentos de bem que cultivamos dentro.

Conseguem entender como o direcionamento do olhar deve estar dentro e não fora? Porque à medida que eu dependo do perdão do outro, estou deixando de perceber o meu erro, colocar mão nele e fazer essa correção interna manifestar em minhas ações e condutas a partir de então.

E ai você me pergunta: E se for o contrário, se errarem comigo? Bom, neste caso saber que à ninguém está livre a condição humana de errar e que cabe ao outro a consciência e a correção desse erro. A responsabilidade está com o outro, o que também não nos impede de olhar para o erro do outro com bondade ,trazer para dentro, a fim de aprender e também não cometer o mesmo.

Em em tempos de reclusão, redes sociais, nervos à flor da pele (não justifica a falta de amor ao outro, apenas amplia o que já é realidade interna), surgiu agora o termo "cancelar" o outro. Que nada mais é do que colocar o outro de castigo, puni-lo por algo que julgamos ter sido errado. Para começar, quem somos nós para julgar o outro. Nós não temos elementos suficientes para isso mas temos para julgar à nós, mas o outro não. Cada vez que julgamos o outro, estamos cometendo um gravíssimo erro e ainda confessando que temos as mesmas deficiências psicológicas. O que não vemos no outro, não temos internamente e por isso não conseguimos identificar. Aqui em casa com as crianças elas sabem que quando falam algo de ruim do outro, estão falando delas mesmas.

Eu sinceramente acho que nossa vida não está assim tão sem nada para fazer ou consertar a ponto de ter tempo de criticar o outro, desejar o mal e tudo de ruim que temos visto por ai.

Agora imagina, se ao contrário movêssemos essa energia em prol de corrente de bem em que o olhar volta totalmente para dentro. Consequentemente, transbordaríamos bondade no olhar, nas palavras, e nos gestos. O mal perderia força, a verdade reinaria, as boas atitudes seriam mais frequentes, valorizadas e certamente todos viveríamos, mais confiantes de seguir o nosso próprio caminho. Perderíamos o medo de tentar, seríamos mais valentes e conquistaríamos ainda muito mais!

Abaixo, um trecho do Livro Diálogos (página 144) em que o autor da Logosofia (Preceptor) conversa com o seu aluno (Faustino) sobre o Perdão. É lindo e vale a leitura!

"Faustino: - Interessa-me conhecer quais são esses recursos nobres que o senhor mencionou, dos quais se pode lançar em tais casos."

"Preceptor: - Primeiramente, a paciência e a tolerância que todo comportamento elevado exige. Em segundo lugar, a chamada de atenção, sem alterar a serenidade que essas circunstâncias requerem, nem mostrar violência das reações que tivessem sido experimentadas."

Faustino: - Resumindo, o senhor poderia me indicar, então, o verdadeiro alcance do perdão?

Preceptor: - De tudo quanto lhe expressei, claramente se conclui que o verdadeiro perdçao, aquele que redime, surge da consciência individual, quando quem incorreu em falta ou em erro se emenda.

Esse é o perdão grato aos olhos de Deus, por ser o mais fecundo. Também o é aquele que se evidencia pelo esquecimento ou pela atenuação que discretamente se faz de uma falta; não assim o que se pronuncia da boca para fora, porque revela incompreensão e mesmo hipocrisia, pois geralmente está subordinado à submissão humilde do perdoado que o aceita.

Espero que tenha gostado. Minha sugestão é depois de escutar tudo isso, que possa escrever suas compreensões sobre o assunto. Conecte-se à sua vida. Comece esse processo de autoconhecimento, ele é importantíssimo!

Para ter acesso ao Livro Diálogos na íntegra, basta acessar o site http://www.logosofia.org.br/logosofia/download-livros.aspx e fazer o download desses e de outros livros da Logosofia, que interessar.

Boa leitura!

Beijos!

Mari